FIORAVANTI, Celina. Karma – A origem da dor.
São Paulo. Pensamento, 180 p. 1995.
Celina Fioravanti foi escritora, taróloga,
estudiosa da Antiga Tradição Cabalística. Realizava palestras e cursos a
distância de estudos místicos e religiosos. Formou-se em Belas Artes pela
Universidade Federal do Paraná onde fez licenciatura em Desenho. Sua obra é
composta por mais de 30 livros tendo alguns sido publicados em outros países.
Faleceu em 2 de abril de 2007, seu filho e nora continuam divulgando suas
obras.
O livro Karma – A origem da dor foi escrito
em função das inúmeras perguntas que os alunos e participantes de suas
palestras faziam após ouvi-la. Fioravanti inicia o livro conceituando a palavra
Karma como o acúmulo de diversas situações que geraram um conjunto energético
intenso, impresso no espírito e no períspirito. A eliminação do karma se faz
sempre por meio da dor sendo também possível eliminá-lo de maneira libertadora
e positiva usando a razão e o livre arbítrio. O objetivo do karma é aprendermos
a viver melhor com responsabilidade por nossos atos. Fala a autora que sempre
que alguém desenvolve suas capacidades inatas purificando-se liberta-se de seus
karmas e deixa de produzir novos. Esclarece que a dor é força viva, atuante,
que deveria nos impulsionar ao crescimento através da compreensão de suas
causas; não sendo assim de nada adiantará sofrer. Aponta ela os vários tipos de
reencarnação e de karma e aponta possíveis causas e comportamentos renovados
para a solução dos problemas.
A autora apresenta como um item importante
nas questões kármicas a morte da personalidade egoísta. Para realizarmos esse
trabalho ela apresenta um roteiro inspirado na Teosofia. Nesse roteiro um item
fundamental para a não produção de karma é a reformulação do pensamento e a
reestruturação dos conceitos verbais.
Celina afirma existir relação entre o karma e
a astrologia com três situações distintas a saber: Ação, pensamento e sensação.
As nossas ações estão ligadas ao signo astrológico solar, os nossos pensamentos
ao signo astrológico ascendente e finalmente os nossos sentimentos estão
ligados ao signo astrológico lunar. Então é importante conhecermos a qual signo solar,
ascendente e lunar estamos ligados para compreendermos nossas ligações kármicas
e sabermos o que trabalhar em nós.
Há a necessidade de queimarmos nosso karma e
para isso é primordial passarmos pela dor e praticarmos o bem ao semelhante.
Segundo a autora sentir a dor é viver passivamente, a iluminação acontece
quando humildemente trabalhamos para servir e melhorar a vida do próximo. A
ação somada às orações queima todos os karmas.
A autora faz um levantamento das diversas
situações kármicas de dor. Aponta o casamento como uma das situações, devido as
variadas implicações existentes nesse tipo de relacionamento, o mesmo ocorrendo
nas relações entre pais e filhos como também no trabalho. Em todas essas
instâncias há a necessidade do afeto e da educação amorosa para a solução dos
conflitos existentes. Em relação à saúde há diferentes níveis de karmas
originando doenças que deverão nos ensinar a valorizar e zelar pelo nosso
corpo. Nesse nível também pode apresentar segundo a autora a obsessão, que é a
atuação de um espírito de baixo nível evolutivo sobre um encarnado. Isso se dá
em função de problemas existentes entre ambos em reencarnações passadas onde
gerou o karma. O obsessor é um sofredor que recusa ajuda para manter a ‘vítima’
sob seu jugo.
Fioravanti analisa algumas problemáticas de
certas pessoas em relação à sexualidade apontando como resultado do baixo nível
evolutivo do ser humano, podendo algumas práticas tal como o aborto tornar a
pessoa uma criminosa. Também a religião é analisada pela autora como geradora
de karma, inclusive coletivo quando seus adeptos deixam de se guiar pelas
possibilidades que a mesma apresenta de evolução e a tem como salvadora. Outro
ponto de muita importância para geração de karmas difíceis para futuras
reencarnações são os vícios e o suicídio.
Na segunda parte do livro, Celina Fioravanti
trabalho sobre as origens da dor propriamente dita explicando que há três tipos
de dor, a saber: Material, mental e reflexa; e existe três tipos de sofredores:
Revoltados, resignados e resignados ativos. Ela explica que para equilibrar o
karma é fundamental fazermos mudanças em nós educando o pensamento. Ela ensina
a fazer esse processo educativo através de treinos; orienta sobre alterar a
nossa capacidade de percepção dos fatos; sair do estado de inércia mental
ganhando lucidez; fazer bom uso da palavra; modificar nossos atos nos tornando
pessoas melhores. Nessa parte a autora apresenta os obstáculos às nossas
modificações que são: Ilusão, desejo, apego, medo, tristeza e dúvida. Ela
apresenta alguns caminhos para fazermos o trabalho conosco de mudança de
atitudes para queimarmos os karmas existentes e não criarmos novos. São o
caminho da intuição captando com maior naturalidade as informações do mundo
espiritual; o caminho da busca do conhecimento insistentemente para nos
libertarmos; o caminho da atuação sobre os quatro elementos da natureza; enfim
àquelas almas que estão mais evoluídas há o caminho das práticas devocionais.
Fioravanti apresenta os fundamentos do erro.
Trazemos em nós sentimentos nocivos à nossa saúde física e espiritual,
sentimentos ligados aos sete pecados capitais que são: A ira, o orgulho, a
avareza, a inveja, a impureza sexual, a gula e a preguiça. Ela apresenta as características
de cada pecado, o comportamento daquele que alimenta em si um deles, a
vinculação desses sentimentos com o mundo espiritual inferior e ao fim sugere
algumas orações a serem feitas em relação a cada pecado.
No terceiro e último capítulo a autora
apresenta sete exercícios que podem ser utilizados por qualquer pessoa, o
objetivo é amenizar as dificuldades que esteja enfrentando durante a queima de
karma.
1º- A escada
Queimar karma por etapa.
2º- O arco-íris
Trabalhar com luz ativando energias espirituais e harmonizando o corpo.
3º- O triângulo de forças
Sustentação material e condução ao céu.
4º- A respiração de eliminação
Oxigena o corpo, absorve o fluido vital e variação de imagem mental
com
efeito no corpo.
5º- A estrela de cinco pontas
Proteção contra as forças negativas dos seres sem luz.
6º- Os pensamentos contrários
Acorda a mente mergulhada na ilusão.
7º- Os círculos de cor
Purificação de ambientes através do uso das cores.
Segundo palavras da autora na página 174, ela
tem ‘uma formação esotérica’ e observei nesse livro, pois não conheço outros
dela, que a autora compõe seus ensinamentos sob uma variedade de conhecimentos
não se permitindo uma linha específica de raciocínio. Ora usa termos espíritas,
ora usa exercícios esotéricos, ora indica informações de astrologia, ora cita
ensinamentos de religiões orientais. Acredito que essa união de informações
utilizadas, possa dar ao leitor ideia equivocada ou incompleta das filosofias
citadas pois em alguns aspectos teóricos, há divergências de pensamento entre
elas. Não entendi também a editora classificar o livro de Celina Fioravanti
numa ‘Coleção Espírita’, demonstrando desconhecimento, uma vez que a palavra
karma não faz parte da terminologia espírita porque seu significado
anteriormente estabelecido pelas religiões orientais não comungam com a visão
espírita da evolução. Allan Kardec, o elaborador do Espiritismo adotou a
expressão ‘Lei de Causa e efeito’ por atender melhor à proposta de evolução do
espírito, defendida por essa doutrina. Para o leitor que desconhece as linhas
filosóficas que sustentaram o pensamento da autora, ficará uma informação
deturpada em alguns aspectos. Para aquele que conhece, fica o aprendizado sobre
o ponto de vista de Celina Fioravanti em relação à palavra karma.
Obs.: Obra estudada no curso Terapia Lumni com as terapeutas Carmem Farage e Bárbara Bastos.
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