Nos últimos meses de 2012 duas pessoas amigas indicaram-me o livro espírita Paixão de primavera assinado pelo escritor russo Leon Tolstoi através da psicografia de uma médium brasileira da atualidade.
Dei início à leitura nos primeiros dias das férias para saborear o citado romance tão bem comentado, uma vez que é o único período do ano em que posso ler pelo prazer de abrir um livro e debruçar-me em seu enredo.
A história é envolvente, estimulando o leitor a desejar ler e conhecer o desfecho da trama. Fez-me lembrar das emocionantes histórias de amor e aventura da autora inglesa Bárbara Cartland que lia nos tempos de juventude.
Embora muito bonita a história, algo me angustiva durante a leitura. A ausência de referencial doutrinário do Espiritismo no desenvolvimento da trama e de orientações ou mesmo explicações vindas dos instrutores espirituais responsáveis por aquele agrupamento reencarnado, personagens daquela história. Essa é a dinâmica mais utilizada em se tratando de romances espíritas, uma vez que nesses apartes vindos dos espíritos grandes ensinamentos são transmitos aos leitores.
Observei que até a página 244 nenhuma referência com possibilidade de aprendizado é feita em relação a algum dos príncípios básicos do Espiritismo tais como: Deus, Imortalidade da alma, Reencarnação, Pluralidade dos mundos habitados e Mediunidade, assim como outros temas afins dessa filosofia espiritualista que tem sua própria nomenclatura e objetos de pesquisa.
Somente na página 245 surge a palavra reencarnado e um comentário extremamente espiritualizado de um personagem jovem que em nenhum capítulo anterior foi citado como estudioso dessa doutrina. A partir de então há algumas expressões espíritas, algumas ações de certos personagens inspiradas na filosofia espírita e mesmo assim essas ideias ficam algo que desconexas. Ao concluir a leitura não me sentia satisfeita em razão do livro estar classificado como obra espírita psicografada, com tão precárias fontes de aprendizado espiritual que estimule o leitor a realizar em si reformas íntimas como é o propósito do Espiritismo: A educação dos espíritos reencarnados na Terra.
Eu ainda não havia lido nenhuma outra obra assinada por Leon Tolstoi, na condição de espírito desencarnado, embora em minha estante houvesse o livro Ressurreição e Vida, do referido escritor através da psicografia de Ivone do Amaral Pereira. Imeditamente dei início à leitura do mesmo percebendo nas primeiras páginas grandes ensinamentos quando a própria Ivone Pereira escreve a introdução do livro apresentando-o à comunidade como contribuição do seu amor nas comemorações do centenário do "Evangelho Segundo o Espiritismo" isso no ano de 1964. Ela também esclarece ao leitor sobre o processo de aproximação do espírito Leon Tolstoi, conduzindo-a através do éter divino à Russia, na antiga Moscou imperial, da época em que ele lá esteve reencarnado.
Em seguida, o autor espiritual faz uma apresentação de seu desejo de ser útil transmitindo conhecimentos espirituais que venham a estancar as lágrimas de saudades de quantos à beira das sepulturas. Ele encerra sua apresentação com as seguintes palavras:
" Dou-lhes, pois, o meu testemunho de imortalidade além do túmulo. Que esse testemunho seja motivo de paz, alegria a fraternidade para os que me lerem, são os votos que aqui deixo".
O livro é composto por oito histórias, todas ambientadas na Rússia imperial. Em cada uma delas as personagens trazem conflitos íntimos, dificuldades espirituais, morais e éticas a serem solucionadas através do evangelho no transcorrer das suas reencarnações.
São páginas de cultivo da mensagem de amor de Jesus de Nazaré através da filosofia espírita, com toda a gama de temas desenvolvidos por ela, que o autor aproveita para nos ensinar através das experiências de amor, ódio, revolta, arrependimento, trabalho, reforma íntima que as personagens vão apresentando no decorrer das histórias, que são fragmentos de reencarnações de agrupamentos de espíritos na longa caminhada evolutiva a caminho da luz.
Ao concluir a leitura dessa obra agradecemos a Ivone Pereira por sua mediunidade bendita, a Leão Tolstoi, como ela prefere escrever, por seu amor às criaturas humanas e à Grande Energia criadora da vida por nos possibilitar tanta aprendizagem através dessas duas criaturas divinas que já conseguem amar para além das afinidades espirituais. Muito obrigada!
2 comentários:
Interessante pensar nisto Maisa, afinal, nos últimos tempos somos invadidos nao so pela cultura digital, mas tambem pela edição de inúmeros livros que se dizem espíritas, mas na verdade são espiritualistas (é preciso entender esta diferença, muito bem explicada no Livro dos Espiritos, na Introdução, parte esta que muitos saltam e nao deveriam). Quanto ao outro material, da Ivonde Pereira, de fato precisamos agradecer, pois o trabalho desta mulher sempre foi e será um estandarte nos rumos do entendimento espiritual. Colocarei na minha lista. Obrigada! Ana Paula
De fato é preciso refletir sobre os romances que nao se comprometem com o entendimento espirita. Na verdade, acho que tem muita gente confundindo espiritismo com espiritualismo. Abcs. Ana Paula
Postar um comentário