quinta-feira, 2 de abril de 2009

O Cristianismo no Império Romano

"Em seus primórdios, o cristianismo era uma religião que pregava a libertação dos escravos, isto é, dos oprimidos do Império Romano. E estes escravos não eram nada menos que oitenta por cento de toda a população do Império. Nos seus três primeiros séculos de existência, o cristianismo difundiu-se e organizou as massas populares em torno de um Deus que prometia a bem-aventurança eterna aos sofredores e o inferno aos que gozassem de bens desta terra. Durante este período, cresce um sentimento comunitário entre as pessoas e, portanto, entre homens e mulheres.
O cristianismo era então menos misógino do que as outras grandes religiões: o judaísmo, o budismo, o hinduísmo e o confucionismo e mais tarde o islamismo, porque todas elas haviam nascido em sociedades mais agrárias, ao passo que a Roma urbana e avançada aproximava-se mais da economia de mercado capitalista. Porém, quando os cristãos ajudaram a derrubar o Império Romano a partir do seu interior, minando-o de dentro para fora, novas culturas bárbaras haviam ocupado o espaço deixado pela cultura greco-romana. E as mulheres foram pouco a pouco perdendo a participação ativa e igualitária que haviam conquistado na nova religião.
Os primeiros cristãos romperam com os papéis sexuais tradicionais e advocavam como estado perfeito de vida o celibato. Este novos papéis, que se afastavam da família convencional, eram bastante atraentes para as mulheres das classes populares, sobrecarregadas com o trabalho doméstico e o externo à casa. No começo, a perseguição das autoridades era feroz, e muitos cristãos pereceram martirizados, inclusive mulheres de famílias dominantes que, pouco a pouco, também foram atraídas pela nova religião.
Nos primeiros séculos, homens e mulheres celibatários dedicavam-se inteiramente ao serviço de Deus, e isto era uma promoção enorme para as mulheres. Mosteiros foram sendo criados, principalemte depois que o cristianismo se tornou a religião oficial do estado. Nesses mosteiros, mulheres tinham um destacado papel e muitas vezes eram consideradas com dignidade tão grande quanto a dos bispos. A partir desta época, a administração do cristianismo foi pouco a pouco se tornando autoritária e centralizada, e eram apenas essas mulheres religiosas que podiam ter algum desenvolvimento intelectual e de sua capacidade de decisão.
No entanto, como os padres da Igreja eram homens e rejeitavam o corpo, e, portanto seus desejos sexuais, o misoginismo foi crescendo na igreja. Este sistema antimulher considerava o estado do casamento inferior ao do celibato. A mulher virgem passou a ser admirada, e a Virgem Maria tornou-se o modelo de todas as mulheres. Embora a Igreja nascente tenha sido, em seus primórdios, libertadora da mulher, era agora a força mais importante e profunda para intensificar a sua submissão."


Vale a pena continuar a leitura desse texto super interessante que faz parte do capítulo 11 do livro A MULHER NO TERCEIRO MILÊNIO de Rose Marie Muraro; aqui ela avalia a situação da mulher no Império Romano. No livro de forma leve e histórica aborda a história da mulher na sociedade terrena, desde épocas mais remotas. Rose analisa o papel da mulher neste terceiro milênio.

Muraro, Rose Marie; A mulher no terceiro milênio; Editora Rosa dos Tempos; 3ª edição, Rio de Janeiro,RJ, páginas 98 e 99

9 comentários:

Unknown disse...

oi foi legal obrigada

Anônimo disse...

Minha filha achou o livro afinal?
Que bom! Estamos com saudades, quando vai nos dar o ar da graça?
Simoni

Maisa disse...

Oi Simoni que saudades!É ótimo receber sua visita companheira.
Veja que legal, achei meu livro querido. Precisando te empresto mesmo com a distância, eh,eh,eh!
Abraços,

Anônimo disse...

Olá Maisa, estou fazendo uma pesquisa sobre o cristianismo no Império Romano e acabei achando o seu site. Gostei muito do texto que você postou da Rose Marie, que aliás já conheço de longa data. Como também fui criado em Cataguases, fico muito feliz em saber que há aí uma mulher interessada em leitura e conhecimento e que é também uma mulher muito bonita.Gostaria muito de compartilhar minhas leituras e aprendizagens com você. Se você quiser, meu email é kadukata@yahoo.com.br,
tomara que queira,
abraço
Carlos Eduardo

Anônimo disse...

me ajudou muito no meu trabalho
valeu
;)

Ivani Medina disse...

A história do surgimento do cristianismo faz parte da sua doutrina (Atos), não da história propriamente dita. Não se pode considerar o acatamento do Novo Testamento como científico, pois não é. Portanto, essa questão ainda é tratada de forma ideológica. Uns engolem tudo que seja contrário à versão oficial apenas por se contrário. Por exemplo: discordo que Constantino seja o pai do cristianismo, a despeito da sua participação. Quando ele nasceu o cristianismo contava com mais de século de existência. Constantino conheceu Lactâncio na corte de Diocleciano, na qual o filósofo cristão conspirava abertamente contra o sistema religioso que sustentava a tetrarquia. Portanto, os cristãos primitivos (possivelmente) nunca pisaram em Jerusalém e pertenciam as classes abastadas. A pátria do cristianismo foi a Ásia Menor. O Novo Testamento continua a ser um arranjo literário sem confirmações históricas. O motivo do surgimento do cristianismo foi o crescimento do proselitismo judaico nos três primeiros séculos. O cristianismo é o antídoto grego (com o apoio de uns poucos latinos) contra o judaísmo.

http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/a-antiga-dec-ncia-crist
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/e-o-mundo-ocidental-quase-foi-judeu

Anônimo disse...

me ajudou bastante em um trabalho da facul.
MUitìssimo obrigado

Maísa Fernandes disse...

Fico feliz de recebê-lo por aqui Ivani Medina. Apresentei aqui o pensamento de uma autora porque sou adepta dos vários ângulos de uma história.Só não entendo quando você diz que o surgimento do Cristianismo não faz parte da história propriamente dita quando seu idealizador foi um marco tão grande na História que a mesma foi divida em a.C e d.C.

Ivani Medina disse...

Não houve um idealizador. Esse do qual você fala foi idealizado. Até hoje nenhuma evidência foi encontrada quanto a existência desse alegado cristianismo do século I com todos os seus personagens. Trata-se de uma obra literária, sem dúvida alguma.