Na Revista da TV de domingo dia 20 de janeiro, jovens entrevistam o apresentador e diretor do programa "Altas Horas" nas noites de sábado na TV Globo.
Três respostas de Serginho é preciso registrar neste blog, vejamos:
- CLEO PIRES: Para você, qual o papel da TV e do seu programa na educação dos jovens?
- SERGINHO GROISMAN: É difícil falar na contribuição da educação através da televisão, por conta de sua rapidez. Porém, acho que valores e comportamento podem, sim, entrar como referência na TV. Com programas que buscam a ética, sem explorar as fraquezas humanas, sendo tolerantes com as diferenças. Não sou a favor de conselhos através da TV. O jovem, com o tempo, saberá tomar suas decisões. Os conselhos devem ser dados por amigos, famílias. No meu ponto de vista, a TV deve ser uma mídia complementar na vida dos jovens, que vêem muita televisão. A leitura é a saída para a transformação do Brasil.
- CAROLINA OLIVEIRA: Para você, os jovens estão ficando mais maduros, ou eles estão raciocinando menos, com menos conteúdo, já que tudo o que acontece no mundo está resumido, geralmente, em duas linhas na internet?
- GROISMAN: Eu acho que muitos avanços aconteceram, mas ainda estamos longe de ter uma juventude e uma sociedade que saibam de seus direitos. Estamos cumprindo nossas obrigações por conta da imposição de impostos, etc. Acho que com a chegada da internet foi aberta uma janela para o mundo. Mas não são muitos os que pesquisam. A maioria fica nos sites de relacionamentos ou em chats de bate-papo. Acho que hoje é mais clara a necessidade de se posicionar contra o aquecimento global, por exemplo, e o jovem está atento.Também na política não temos o hábito de questionar. Mas isso não é responsabilidade do jovem.Os partidos políticos no Brasil estão desgastados e sem nenhum apelo para o jovem. Por outro lado, a enorme dificuldade no mercado de trabalho faz com que o jovem saiba que vai ter que competir, perdendo um pouco a noção de se harmonizar com outros. E, por fim, a violência. Ela atinge os jovens absurdamente. É uma geração com medo. A saída? A leitura e a escola cumprindo o seu papel.
- DANIELLE SUZUKI: O que pode ser feito para reconquistar a confiança dos jovens e sua participação na solução dos problemas do país?
- GROISMAN: O jovem precisa adquirir a consciência da força que tem. Unida, a juventude é transgressora e transformadora. Mas, para isso, é preciso ter prazer no dia-a-dia do Brasil. Não ver a transformação como uma obrigação, nem a leitura como obrigação. Quando a leitura for prazerosa, virá a curiosidade. Com a curiosidade, a ação. E daí, a transformação. Ser curioso em relação ao mundo é ter prazer em ser transformador.